APÓS A MASSIFICAÇÃO ELEITORAL, O QUE
ESPERAR DE MAIS QUATRO ANOS COM O PT NO GOVERNO?
Teones França –
Historiador (4/11/2014)
(PARTE I)
Uma vitória parcial do PT
Ao todo, foram quatro meses de campanha eleitoral.
Pareceu uma eternidade ou uma demonstração de teorema, como diria Renato Russo:
“parece que sempre termina, mas não tem fim!”. Durante 120 dias fomos sufocados
por discursos vazios e falsas verdades, sempre ditos em nome da melhora do país
e da vida da população. Diante desse rolo compressor as pessoas acabaram se
envolvendo de corpo e alma, especialmente nas redes sociais. Agora, após a
campanha ter chegado ao fim, rapidamente os ânimos serão arrefecidos, o ódio
amainado e, assim como ocorreu com a Copa do Mundo, em poucas semanas não se
falará mais nisso. Contudo, precisamos tirar lições do processo e analisar as
perspectivas que se colocarão para o país no próximo período.
Em nível nacional, a disputa foi extremamente
acirrada no segundo turno e o país dividiu-se ao meio. Dilma reelegeu-se por
uma pequena margem de diferença, mas o seu principal adversário não foi Aécio
Neves e sim o antipetismo. O PT garantiu mais quatro anos na presidência sem
precisar utilizar o seu principal jogador (Lula), o que sinaliza para a
possibilidade de obter mais uma vitória em 2018. Entretanto, até lá teremos
mais de 1400 dias de um novo governo Dilma, que possivelmente enfrentará uma
oposição muito mais feroz do que a dos primeiros quatro anos e que lhe exigirá
uma política mais conciliatória. Ademais, é necessário que avaliemos o
resultado eleitoral como uma vitória petista apenas parcial já que o partido
perdeu espaço no centro-sul, tendo saído das urnas com apenas um governador num
estado de ponta: Minas Gerais.
O chamado “petrolão” deu um molho especial à campanha.
Mais um escândalo de corrupção num governo petista, somado aos anteriores e às
práticas explícitas de aparelhamento da máquina estatal pelo partido (quem
conheceu os sindicatos dirigidos pela Articulação não se surpreendeu com isso)
levaram a classe média a um ódio quase mortal ao PT. Esse cenário associado à
massificação eleitoreira da mídia fez com que o Brasil rachasse no segundo
turno a partir da criação da falsa imagem de que haveria uma polarização na
disputa eleitoral entre dois candidatos que representariam dois projetos
antagônicos.
Pela primeira vez os petistas iniciarão um governo de
modo envergonhado. Não possuem mais o apoio incondicional dos movimentos
sociais (que foram chamados às pressas na reta final de campanha para ajudar a
impedir a vitória tucana) e já não têm a mesma moral de antes perante a
sociedade no que diz respeito à ética e ao bom gerenciamento da máquina
pública. É certo que adotarão táticas menos arrogantes e independentistas, pois
caso contrário os gritos de impeachment para a presidente podem ecoar mais
fortes (embora nem de longe seja este o desejo da burguesia brasileira) e uma
nova eleição em 2018 ficará mais distante. É bem provável também que para
acalmar os seus críticos coloquem em prática as reformas tributária,
trabalhista e política, que, podemos apostar, significarão mais ataques para a
classe trabalhadora e seus partidos de menor representação parlamentar.
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