segunda-feira, 23 de março de 2015


A colcha de retalhos de Dilma.

Será que número de ministros não chegou a 40 para presidente não ser apelidada de Ali Baba?

 

Teones França – Historiador   (6/1/2015)

 

                Dilma iniciou o seu segundo mandato e os 39 ministros que compõem o primeiro escalão do governo já tomaram posse. Número este extremamente excessivo se comparado aos dezesseis da Alemanha – a quarta maior economia do mundo – e aos 21 do final do governo de Fernando Henrique.

Os petistas, em seus 12 anos de presidência, praticamente dobraram a quantidade de ministros. Por quê? Para lotear ministérios entre os partidos aliados e conseguir uma base de sustentação estável de deputados nas votações principais no Congresso Nacional. No entanto, a conta é alta, pois para o funcionamento dessas pastas são necessários cerca de um milhão de servidores com salários que somados atingem aproximadamente 200 bilhões de Reais ao ano.

Ao analisarmos os 39 nomes alguns detalhes nos chamam a atenção. O ministério é homem e branco. Apesar da política de cotas raciais do governo, há apenas uma negra e, dos 39, somente seis são mulheres. O PT perdeu espaço e o ex-presidente Lula, ao que parece, diminuirá sua influência no segundo governo Dilma, pois o grupo vinculado a Lula dentro do partido reduziu a sua cota no grupo de ministros que estarão mais próximos da presidente. Como diz o velho ditado, “gato escaldado...”. Dilma parece não ter se esquecido de que foi justamente desse grupo que saíram alguns dos principais petistas participantes do Mensalão: José Dirceu, José Genuíno e Delúbio Soares.

Além de agradar os partidos aliados, Dilma preocupou-se também em agradar o mercado (leia-se banqueiros e especuladores financeiros), nomeando Joaquim Levy para a pasta da Economia, e os grandes latifundiários, nomeando Katia Abreu para a pasta da Agricultura; nomes que seriam mais afeitos ao PSDB do que ao PT e que se explicam pela vitória apertada da petista nas eleições.

                A colcha de retalhos ministerial, fruto da barganha política e do toma lá dá cá, típicos do cenário brasileiro, não leva em consideração o currículo do indicado e o seu conhecimento sobre a área da qual será responsável. No meio de um grupo de poucos especialistas e políticos sem expressão destaca-se o novo ministro do Esporte, George Hilton. Representando a cota do Senador Marcelo Crivella, a indicação desse pastor da Igreja Universal gerou muitas críticas entre os grupos organizados do esporte devido à sua pouca intimidade com essa área e possivelmente também pelo fato de que o escolhido para a pasta, caso o eleito fosse Aécio Neves, seria Ronaldo Fenômeno.

                O que esperar de um governo de composição tão estranha? Como acreditar que esse loteamento de cargos entre partidos aliados não resultará em novos escândalos de corrupção, já que essas siglas se digladiam pelos ministérios mais endinheirados não é à toa? Como acreditar em partidos que apoiam governos simplesmente pelo que estes têm a lhes oferecer e não pelas ideias e projetos afins? Difícil acreditar naqueles que já abusaram demais das nossas crenças.

 

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