A colcha de
retalhos de Dilma.
Será que
número de ministros não chegou a 40 para presidente não ser apelidada de Ali
Baba?
Teones França –
Historiador (6/1/2015)
Dilma iniciou o seu segundo mandato e os 39 ministros
que compõem o primeiro escalão do governo já tomaram posse. Número este
extremamente excessivo se comparado aos dezesseis da Alemanha – a quarta maior
economia do mundo – e aos 21 do final do governo de Fernando Henrique.
Os
petistas, em seus 12 anos de presidência, praticamente dobraram a quantidade de
ministros. Por quê? Para lotear ministérios entre os partidos aliados e
conseguir uma base de sustentação estável de deputados nas votações principais
no Congresso Nacional. No entanto, a conta é alta, pois para o funcionamento
dessas pastas são necessários cerca de um milhão de servidores com salários que
somados atingem aproximadamente 200 bilhões de Reais ao ano.
Ao
analisarmos os 39 nomes alguns detalhes nos chamam a atenção. O ministério é
homem e branco. Apesar da política de cotas raciais do governo, há apenas uma
negra e, dos 39, somente seis são mulheres. O PT perdeu espaço e o
ex-presidente Lula, ao que parece, diminuirá sua influência no segundo governo
Dilma, pois o grupo vinculado a Lula dentro do partido reduziu a sua cota no grupo
de ministros que estarão mais próximos da presidente. Como diz o velho ditado,
“gato escaldado...”. Dilma parece não ter se esquecido de que foi justamente
desse grupo que saíram alguns dos principais petistas participantes do
Mensalão: José Dirceu, José Genuíno e Delúbio Soares.
Além de
agradar os partidos aliados, Dilma preocupou-se também em agradar o mercado
(leia-se banqueiros e especuladores financeiros), nomeando Joaquim Levy para a
pasta da Economia, e os grandes latifundiários, nomeando Katia Abreu para a
pasta da Agricultura; nomes que seriam mais afeitos ao PSDB do que ao PT e que
se explicam pela vitória apertada da petista nas eleições.
A colcha de retalhos ministerial, fruto da barganha
política e do toma lá dá cá, típicos do cenário brasileiro, não leva em
consideração o currículo do indicado e o seu conhecimento sobre a área da qual
será responsável. No meio de um grupo de poucos especialistas e políticos sem
expressão destaca-se o novo ministro do Esporte, George Hilton. Representando a
cota do Senador Marcelo Crivella, a indicação desse pastor da Igreja Universal
gerou muitas críticas entre os grupos organizados do esporte devido à sua pouca
intimidade com essa área e possivelmente também pelo fato de que o escolhido
para a pasta, caso o eleito fosse Aécio Neves, seria Ronaldo Fenômeno.
O que esperar de um governo de composição tão
estranha? Como acreditar que esse loteamento de cargos entre partidos aliados
não resultará em novos escândalos de corrupção, já que essas siglas se
digladiam pelos ministérios mais endinheirados não é à toa? Como acreditar em
partidos que apoiam governos simplesmente pelo que estes têm a lhes oferecer e
não pelas ideias e projetos afins? Difícil acreditar naqueles que já abusaram
demais das nossas crenças.
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