sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Livro “Novo sindicalismo no Brasil – histórico de uma desconstrução”.


         Esse livro, publicado pela editora Cortez em 2013, busca desconstruir a propalada crise do sindicalismo que surgiu em fins da década de setenta do século passado se autointitulando como “novo”. Se esse sindicalismo – que talvez tenha tido sua máxima personificação na figura de Luis Inácio da Silva – tinha em seu nascedouro uma postura extremamente crítica ao Estado e aos setores patronais brasileiros, chegando até mesmo a levantar bandeira pelo socialismo, adentra os anos 1990 adotando uma prática bastante diversa, privilegiando a conciliação.
         É justamente quanto a essa mudança de postura que o livro procura apontar caminhos que possam elucidá-la melhor, partindo das análises e diferentes visões das principais correntes sindicais que no período entre 1988 e 2000 compunham a Central Sindical que melhor expressou esse novo sindicalismo, a CUT, sobre as recentes transformações na produção, que chega ao Brasil a partir do governo de Collor de Melo e sobre a gradativa institucionalização dessa Central à ordem vigente.
         Esse retorno ao passado recente permite-nos também verificarmos a gestação de certas propostas políticas que serão colocadas em prática pelo Executivo brasileiro nos últimos dez anos de governo petista.

         Abaixo, a orelha e a apresentação do livro escritas, respectivamente, pelos professores Marcelo Badaró (UFF) e Ricardo Antunes (Unicamp):

          Transcorridas três décadas depois do nascimento do novo sindicalismo no Brasil, cujo marco pode ser datado com a criação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em 1983, muitas foram as suas metamorfoses e mutações. O projeto inicial estruturado com base no sindicalismo de classe, autônomo em relação à estrutura sindical e independente em relação ao ideário dominante, deu lugar a algo que, em muitas de suas dimensões, é quase o seu oposto.
         Preservou-se muito da velha estrutura sindical atrelada ao estado, com sua feição burocratizada e cada vez mais verticalizada; manteve-se sua dependência em relação às verbas estatais (como o imposto sindical e FATs), para não falar da sua conversão em participes dos fundos de pensão e seu mercado de capitais.
         Um sindicalismo negocial, cada vez mais baseado nas parcerias, acabou, finalmente, tornando-se dominante. Foi exatamente para procurar auxiliar na compreensão deste fenômeno que Teones França oferece o seu livro NOVO SINDICALISMO NO BRASIL: histórico de uma desconstrução.
         Voltar “ao passado e tentar encontrar pistas para a explicação de indagações postas pelo presente” foi, como diz o autor, seu objetivo primeiro. Empreitada necessária para todo/as que querem fazer florescer outro tipo de sindicalismo.
Ricardo Antunes (Prof. da Unicamp).

        Aqueles que como eu conheceram o sindicalismo brasileiro nos anos 1980 acostumaram-se a ver um polo mais combativo, com um discurso fortemente marcado pela defesa da autonomia de classe perante o Estado e os interesses patronais. Aquele polo, responsável por milhares de greves, tinha uma direção claramente identificada na CUT. Isso deve ser difícil de acreditar para um observador que só tenha sido apresentado ao sindicalismo cutista nestes nossos tempos de comportamento “colaborativo” com o governo e os patrões. O livro de Teones França é uma leitura obrigatória para quem quer entender as razões de tal contraste. Das condições materiais da chamada reestruturação produtiva, aos fatores da subjetividade política das lideranças que explicam a mudança nas relações com o Estado, sem descuidar dos referenciais que o ajudam a entender o potencial e os limites do sindicalismo, Teones nos apresenta um roteiro fundamental para compreendermos para onde foi o novo sindicalismo.

Marcelo Badaró Mattos (prof. da UFF).

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